| Ploc... ups... ploc |

Estava convencida que era um mas, afinal, e para minha grande surpresa, havia outro: o meu homem tem dois (repito, DOIS) colegas que acham que as mulheres não cagam. Pois… é mesmo isso. 

Não me parece que os gajos sejam estúpidos ao ponto de pensar que somos seres divinos cujas necessidades se evaporam como uma transpiração suave com aroma a lima-gengibre e, por isso, só posso concluir que eles terão bloqueado essa imagem e recusam-se a aceitar a realidade, tão simples como ela é.

A verdade é que tenho pensado nisso, tenho tentado perceber porque é que alguém cria um bloqueio destes e, confesso-vos, até ao momento não consegui chegar a conclusão nenhuma.

Pensamento puxa pensamento, comecei a questionar-me como é que será viver com homens assim. 

Será que as companheiras não cagam em casa? Ou fá-lo-ão de porta fechada? Ou de porta fechada com a água a correr para que não se ouça o ploc? Ou no momento do ploc fingirão ter um ataque de tosse? Ou jurarão elas a pés juntos que se fecham na casa de banho porque esse espaço lhes dá a paz necessária para pensar com clareza na vida e disfarçam com o Air Wick Poo?

Não sei, não faço ideia. 

O que sei é que não gostava de viver com um gajo assim. Porque, das duas uma: ou lhe acabava com a fantasia em menos de nada (hipótese mais plausível), e isso podia ditar o fim da relação – imagino que seja um choque (inultrapassável?) perceber que somos iguaizinhas ao resto da população -, ou entrava no jogo dele e fingia não cagar.

Mas isso também não me parece certo. Mais do que isso, parece-me muito errado. Porque se fizesse isso estava, logo à partida e de mão beijada, a abdicar de mostrar o que sou, no meu estado mais natural, digamos assim, e, pior, a fazer assentar a nossa convivência numa fantasia sem sentido nenhum. Percebem onde quero chegar?

Como é possível desenvolver-se uma relação saudável se a mesma assenta num erro grosseiro? Na ideia parva de que não cagamos? E o que é que se passará na cabeça de uma pessoa para ela não assumir que as mulheres têm necessidades fisiológicas do tipo excretório?

Terá sido um trauma de infância? Ou um ar que se lhe deu?

Homens que leem este blog (e eu sei que vocês são muitos, não obstante a discrição), deem lá uma ajudinha para ver se consigo perceber (se alguma menina tiver hipóteses a adiantar não se faça rogada, é favor chegar-se à frente que todas as contribuições são bem-vindas).