| Uma questão de wc's |

É curioso como só nos apercebemos de determinadas situações quando passamos por elas ou quando alguém nos alerta para a sua existência. 

Assim aconteceu com o tema de que vou falar hoje: nunca me tinha equacionado sobre o mesmo e aposto que muitos de vocês também não.

Pois que a questão surgiu numa dessas festas populares de verão, quando nos deu vontade – a mim e à Ana, uma miúda que tinha conhecido naquele dia, companheira de juventude do meu gajo – de ir à casa de banho.

O local onde estava a decorrer tal festa era (é) um descampado, no qual instalaram aqueles wc’s portáteis de plástico que se veem cada vez mais em festivais e outros eventos de rua, sabem? 

A Ana é bastante gordinha e dizia-me, enquanto íamos para lá, que detestava ter de usar este projeto de casas de banho, porque as mesmas são tão pequenas que é uma odisseia conseguir aliviar-se.

Confessei-lhe que nunca tinha pensado nisso e só quando entrei naquele retângulo minúsculo é que ganhei consciência do que ela me tinha acabado de dizer. É que se eu própria, apercebi-me, tinha tão pouca margem de manobra, como é que conseguirá safar-se uma pessoa que terá mais 30 quilos do que eu?

Desde esse dia que cada vez que uso uma dessas caixas de fósforos penso nisso e já apanhei cabines tão pequenas e apertadas que a Ana jamais conseguiria usar a não ser que, entretanto, tenha tirado um Curso de Contorcionista – Nível Elevado.

Não sei se os promotores de eventos não compram ou alugam ou whatever cabines portáteis com tamanhos de jeito por ignorância, ou se pelo facto delas não existirem no mercado. O que sei é que numa altura em que se fala tanto de nos aceitarmos como somos, em que há manequins large size por aí a bombar, em que devemos ser diferentes e aceitar a diferença, patati patata, não percebo como é que uma solução simples e eficaz – essa sim, verdadeiramente inclusiva – não é adotada.

Porque falar é muito bonito, mas passar à prática dá trabalho. Muuiiito trabalho.