13/02/2020

| Das grandes mulheres |


Na revista Sábado da semana passada foi publicada uma entrevista a Ana Gomes, com o excelente título A denunciadora geral da República. Quando acabei de a ler pensei ok, tenho de escrever um texto sobre esta mulher, não quero ser daquelas pessoas que decidem homenagear apenas quem morre, e se há alguém que merece este meu pequeno tributo é a Sô D. Ana.
Não vejam aqui qualquer identificação política - sou apartidária e mais de pessoas do que de partidos -, vejam antes respeito e uma profunda reverência pela honestidade e energia desta mulher (por contraposição a acomodação).
Não querendo entrar naquele discurso de que os políticos são todos uns corruptos, mas acreditando plenamente que muitos o são, uma Ana Gomes é uma lufada de ar fresco na vida nacional, muito para além do universo político.
Admiro-lhe, sobretudo a incapacidade em estar quietita no seu canto (e que fácil que isso seria), admiro-lhe a inclinação para a defesa dos direitos fundamentais (tantas e tantas vezes esmagados), admiro-lhe a frontalidade e, sobretudo, admiro-lhe a coragem e uma espécie de inconsciência em bom, que ela aponta o dedo a tantos poderosos que só a ideia seria o suficiente para que alguém que não os tivesse tão no sítio pensasse demasiadas vezes antes de fazer o que quer que fosse. Por isso é que Ana Gomes é tão especial e todos - TODOS - lhe devemos uma imensa gratidão.
E não pensem que ela é uma tontinha que age sem pensar nas consequências dos seus atos. Na mesma entrevista, quando lhe perguntam se não tem receio, responde: Eu tenho medo. Mas controlo-o. Vamos todos ficar manietados com medo? E deixar que tudo seja capturado, infiltrado, corrompido à conta do medo? É a própria democracia que está em causa. Que raio de mundo e de país é que estou a deixar à minha família, aos meus netos? Vamos todos contemporizar e ficar aterrorizados e à conta disso não falar?  
Não querendo entrar em clichés mas entrando, acredito que com vinte Anas Gomes a democracia seria um sítio muito mais bonito de se viver. Não temos vinte, temos uma, mas em versão muito concentrada, tipo Sunquick, estão a ver?
Por tudo isso e tudo o mais, muito, muito obrigada. 

3 comentários:

  1. Também partilho da tua admiração.
    Só tenho o trauma de a senhora me fazer lembrar o Herman José vestido de mulher :)

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  2. Não é fácil vencer o medo e fazer o que está certo, mas quero acreditar que vale sempre a pena.

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