Comecei a fumar cedo, teria uns 14 anos.
Não é algo de que me orgulhe, mas também não é algo de que me envergonhe, é o que é.
Na altura fumar era normalíssimo, estava um pouco na moda até e, na escola, experimentei e gostei.
Por vezes penso que um dia deixo de fumar, mas tenho consciência que isso só vai acontecer quando tiver (muita) vontade para tal, o que, até ao momento, não sucedeu. Fumar dá-me prazer e o primeiro cigarro do dia, após o primeiro café, é assim das coisas mais deliciosas de todo o sempre.
Vem esta conversa a propósito das imagens que desde há uns meses povoam os maços de tabaco, medida que, segundo li, é da responsabilidade da Comissão Europeia (CE).
Pois que agora o tabaco vem embalado em imagens chocantes, acompanhadas de uns dizeres a condizer, com o intuito de assustar os fumadores a ver se estes, num ataque de juízo e sensatez, deixam de fumar.
Entre outros mimos, já vi imagens de um homem a receber respiração artificial, de um senhor azul com um ar muito sereno (não é difícil de perceber, está morto), de gengivas completamente deterioradas e dentes podres, de algo que a mim me pareceu um umbigo de um homem ou mulher de idade avançada, mas que me explicaram depois ser um furo na garganta, etc. e tal.
Ora, enquanto fumadora, e porque tenho familiares e amigos que também são fumadores e com os quais já troquei impressões sobre o assunto, a conclusão é: estas fotos não surtem efeito absolutamente nenhum.
De início irritam-nos, pelo que cobrimos o maço com o que estiver à mão, e depois simplesmente ignoramos.
Toda a gente sabe que o tabaco é um vício terrível e não é este tipo de imagens que nos vai fazer desistir de fumar (não sei se terão algum efeito dissuasor sobre possíveis futuros fumadores, por isso sobre essa questão não me pronuncio).
Mas há algo, no entanto, sobre o qual não posso deixar de me pronunciar: uma das imagens desta campanha é a de uma mulher, talvez com uns 40 anos, a tossir para um lenço que está manchado de sangue. Ok, percebemos a ideia mas, como já expliquei, o nosso cérebro não retém a mensagem.
No entanto, não posso deixar de reparar que o cabelo daquela senhora é mais oleoso do que o lagar do azeite Oliveira da Serra, e isso é inadmissível. Porque, no fundo, é de uma campanha publicitária que estamos a falar, onde o controlo de qualidade deveria ser algo mais rigoroso.
Não é pedir muito que a senhora se apresente com um cabelo lavadinho, certo?
Senhores da CE: não acho que esta campanha cumpra o que quer que seja, mas se precisarem de uma ajudita (e parece-me notório que precisam) no styling ou no hygiening estou pronta para colaborar.
Prometo fazer um preço razoável e um trabalho para lá de espetacular, sim?