Não sei como estão a lidar com esta nova vida, para a qual ninguém nos preparou.
No que a mim diz respeito, sinto-me calma q.b., a aproveitar o tempo para fazer aquelas coisas para as quais, normalmente, não há tempo, a tentar não pensar muito no amanhã, a levar ao extremo a máxima um dia de cada vez.
Gosto de espremer os aspetos positivos de todas as coisas e, sim, já encontrei pontos positivos nesta pandemia que nos virou a vida do avesso, que nos colocou numa posição onde, duvido, algum dia suspeitássemos poder estar.
E o primeiro aspeto positivo desta coisa toda é, exatamente, colocar-nos numa posição onde nunca imaginámos estar. Porque nos faz assentar os pés no chão, faz-nos perceber que a nossa vidinha, mecanizada e rotineira, pode deixar de o ser em menos de nada, que o que tomamos como garantido num instante se dilui por entre as nossas mãos.
Descobri também que as casas que vejo através da janela da cozinha têm vida lá dentro, tive o privilégio de ouvir um concerto de cães e pássaros sem motores de carros a atrapalhar, cumprimentei um perfeito desconhecido que, só por acaso, vive nem a 500 metros de mim.
Tenho dificuldades em aceitar, como alguns defendem, que tudo isto não passa de uma lição que o mundo nos está a dar. Para que nos lembremos que o ambiente é mais importante do que as férias em Paris, que o tempo é mais importante que a carteira Chanel, que um abraço aos mais próximos é mais valioso do que todos os Euromilhões do mundo.
Existirão exceções, é certo, há pessoas a quem este vírus vai alterar a perceção das coisas, mas estou convencida de que quando tudo isto regressar à normalidade - que, de resto, é perfeitamente anormal -, em menos de um fósforo vai tudo voltar ao que era, porque o povo tem memória curta e tendência para tentar recuperar, de uma forma sôfrega, tudo o que ficou por viver.
Gostava que este vírus nos resgatasse um bocadinho de humanidade mas, analisando a situação de forma realista, penso que esse vislumbre de humanidade só vai subsistir nos primeiros dias, logo trocada pelos velhos hábitos tão ali à mão.
Há, desse lado, quem tenha uma visão mais romântica do que eu?
Gostava que este vírus nos resgatasse um bocadinho de humanidade mas, analisando a situação de forma realista, penso que esse vislumbre de humanidade só vai subsistir nos primeiros dias, logo trocada pelos velhos hábitos tão ali à mão.
Há, desse lado, quem tenha uma visão mais romântica do que eu?
3 comentários:
Eu com um abraço não me sai o euromilhões.... mas com o euromilhões o que não me faltavam eram abraços, lol ( brincando )
Li o texto com toda a atenção e revejo-me totalmente nas suas sábias palavras. É o momentos de darmos um olhar áquilo que viamos todos os dias... sem ver.
Cumprimentos poéticos
Eu gostava que com tudo isto que se está a passar... as pessoas passassem a dar valor ao que realmente importa!
https://checkinonline.blogspot.com/
Eu vivo um dia de cada vez, mesmo em casa, tinha planos de coisas para fazer que dificilmenteo os vou concretizar, mas a ver vamos... Eu acredito que todos nós vamos tirar algo de positivo de tudo o que está a acontecer, quero crer que sim.
Beijos e abraços.
Sandra C.
bluestrass.blogspot.com
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