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19/10/2016

| Crónicas da vida airada (ou não) #14 |

Gostava de ser daquelas pessoas que sabem a data de tudo. Do género: ah, isso aconteceu há 5 anos; ou a 1.ª comunhão da Catarina Almeida de Carvalho foi no dia 22 de agosto de 1995, e lembro-me disso porque (...).
Conheço duas pessoas assim; melhor, tenho duas amigas assim: uma é a Titia, a tia mais amorosa que alguém pode ter, e a Susana, uma amiga da Terceira que amo de paixão, detentora do sorriso mais genuíno de todo o sempre.
Já eu sou péssima com datas, mesmo as realmente importantes. Por exemplo, esqueço-me de aniversários de nascimento (bendito Facebook, o pior é quando o/a aniversariante ainda não se converteu a essa seita), de namoro e de tudo o resto que possa existir. A não ser que aponte, mas continua a não ser certo.
Isto para dizer que está a fazer um ano que fui operada. Se fosse uma gaja em condições sabia o dia e até a hora mas, claramente, não sou uma gaja em condições.
Mas o que interessa é que, mais dia menos dia, está a fazer um ano que fui operada.
Por outro lado, sou aquilo a que se pode chamar de uma mulher independente. Vivo sozinha (ou melhor, vivo com Sua Majestade Maria, a minha gata), longe da família e do meu núcleo de amigos (a base porque, entretanto e felizmente, vão aparecendo outros pelo caminho), mas vivo das minhas decisões e opções.
E gosto de viver assim.
E isso dá-me a segurança de saber que controlo (quase) todos os aspetos da minha vida, pelo menos os que são controláveis.
Até que há cerca de um ano fui operada e esse foi um período muito atípico.
Porque não controlei nada. Porque me senti pequenina a depender dos outros.
Lembro-me de estar deitada na sala de operações, a olhar para a luz forte em cima da minha cabeça, enquanto a anestesista me fazia perguntas (cujas respostas não lhe interessavam verdadeiramente), apenas para me distrair.
E de repente começo a fechar os olhos e recordo-me de ter pensado, pronto, fui.
Se fosse só isso não era muito mau. Mas depois há aqueles dois dias em que não fazes nada sem pedir ajuda a alguém (ir à casa de banho é uma das memórias mais deprimentes), e uma mulher, que está habituada a fazer tudo, sente-se desnorteada, pois claro.
Correu tudo bem, num instante recuperei as rédeas e, em menos de nada, a vida voltou ao seu passo normal.
Não interessa a data em que fui operada, está a fazer um ano mais dia menos dia.
Mas vou lembrar esse momento como o mais vulnerável da minha vidinha. E a vulnerabilidade, percebi num instantinho, é algo que não me assenta nada bem.
E desse lado, quais são as vossas vulnerabilidades?

34 comentários:

M.Santos disse...

Cirurgias só fiz uma e foi com anestesia local ( a um olho), a recuperação foi rápida embora a nível estético foi para esquecer. Quando fiquei desempregada sem perspectivas de um futuro risonho, cai num desespero , num pessimismo e tristeza profunda Foi muito mau, sempre independente financeiramente e de repente senti tirarem -me o chão .

AFlores disse...

Há datas e datas... aquelas que não queremos esquecer, outras que não nos importamos nada de esquecer e outras que nem uma coisa nem outra. Para lembrar (ou não), de início usava a famosa agenda, depois apareceu o computador e o respectivo Outlook e mais tarde o telemóvel, o que dá sempre uma ajudinha, ainda por cima quando a idade aumenta e a memória diminui ;) :)
Quanto a vulnerabilidades... lá vou eu lembrar-me de uma data que dificilmente esquecerei, dia 20 de Maio de 2010, poucos minutos depois das 15 horas, quinta-feira, um dia lindo com muito sol e algum calor, na cidade do Porto... tive uma PCR, paragem cardio-respiratória.
Tudo virou vulnerável, como deve imaginar.
Agradeço e retribuo visita ao meu blog.
Tudo de bom!

Joana disse...

A minha vulnerabilidade é igual à sua, Marta. Com a diferença que estão a fazer 2 anos desde que fui submetida a uma intervenção de urgência e fiquei os tais dois dias ou três a depender de terceiros. Com uma anemia gigante que me tiravam as forças e desde aí que percebi que estando tudo bem e com saúde, maravilha. Mas se de repente acontece algo com a nossa saúde e ficamos debilitados e a depender de outros somos tão, mas tão pequeninos e passar por isso transformou-me em muitos aspectos.

Anónimo disse...

Olha eu lembro-me de dias, horas, roupas que tinha vestido... tudo! Sou assim um bocadinho como as tuas duas amigas! :)
Quanto às minhas fragilidades... bom, numa fase da minha vida, o mundo desabou na minha cabeça por uma injustiça de outrém que me tinha como alvo a eliminar, e por causa disso, fiquei longe, durante muito tempo (3 anos) de um dos meus irmãos que, adoro! Foi muito difícil, a família ali meia dividida... foi horrível, percebi que a família é, realmente, o melhor que temos, e sem ela senti-me tão frágil.... e deprimida e... sei lá!... :)

Beijinhos graça

Lápis Roído disse...

Eu sou como essas tuas amigas. Faço ligações entre datas e acontecimentos com a maior facilidade que possas imaginar. Não há para aí um Nobel que se arraje para mim? :P Weird guy, I know!
Estar na condição de dependente dos outros é das piores sensações que se pode ter. Felizmente, tudo correu pelo melhor contigo e não tiveste de prolongar esse estado de dependência por muito tempo. Ter-te-ás lembrado das pessoas que estão sempre necessitadas do aúxilio e isso são aprendizagens que se fazem. Espero que não voltes a sentir-te assim :) Beijinhos

Sofia disse...

Eu sou das pessoas que se lembra de tudo =p quanto às minhas vulnerabilidades... hmmm... não sei. Acho que passo uma imagem de pessoa segura de si, calma e de bem com a vida. Tenho medo que alguém consiga ver que na realidade sou insegura e estou constantemente num estado de nervos (interior, claro) =p

Anónimo disse...

...Era giraça que eu queria ter escrito!!!! :)

Andreia Barbosa disse...

Acho que umas das minhas vulnerabilidades é precisamente a que abordaste... já passei por duas situações de saúde em que tive de depender de terceiros para fazer muita coisa e para mim foi difícil lidar com isso. Gosto de fazer tudo "por mim mesma".

http://cidadadomundodesconhecido.blogspot.pt/

Camila Faria disse...

Também sou péssima com datas. Já esqueci datas importantes, de pessoas mais importantes ainda... e fico sempre arrasada. Queria ser como as suas amigas, viu?

Unknown disse...

Graças a Deus nunca tive nada sério a nível de saúde mas apanhei um susto há 6 anos quando tive de fazer uma biópsia no bloco e com anestesia geral. É dos meus maiores medos, problemas maiores de saúde, comigo ou com a minha familia.
Beijinhos.

misscokette.blogspot.pt

Isa disse...

Datas, nomes e afins que precisam ser memorizamos são o meu maior tormento! Não decoro nada de nada e estou cada vez pior!
Quanto a vulnerabilidades... O melhor é nem falar disso nesta altura!!

Anónimo disse...

Marta...agora que falas nesses dias após a operação...[que terá ocorrido, salvo erro, a 23 de outubro]...lembro-me, com saudade [de ti], de te ver debilitada a rir sem parar de uma "piada" dita por uma querida e simpática Senhora, que por aqueles dias te acompanhava nas tais necessidades mais básicas...lembras-te do que nos riamos????Brutal...beijinho para ti e para a simpática Senhora

Prochnost disse...

Eu até sou bom a decorar datas. Não tenho vulnerabilidades. Neste momento sinto-me bem comigo mesmo em todos os aspectos :D

M. disse...

Uau que post forte e lindo ao mesmo tempo! Eu sempre digo que e bom poder contar com os outros agora precisar dos outros e muito chato! Que bom que passou e hoje ja e 1 aninho desse tempo. E menina... eu ainda nao me converti a seita do fb kkkkkkkk beijos e parabens pelo 1 ano de cirurgia. Passou!

vintagepri disse...

Também sou péssima com datas, por isso sempre uso agendas para tudo: consultas, trabalho, blog, etc.

Beijos,
Pri
www.vintagepri.com.br

Lis disse...

Identifico-me contigo... a minha vulnerabilidade são aqueles de quem gosto que tenho de manter pertinho de mim.

L*

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, Marta, vim conhecer teu blog e li esse ótimo texto, descontraído e verdadeiro. Fui até no último post dessa página, e como adoro azeitonas verdes, gostei do post. Quanto às minhas vulnerabilidades, odeio brigas sejam elas em família ou amigos. Não nasci com esse 'suportar'.
Gostaria de seguir seu quadro de seguidores, mas quando clico dá erro 469 blogger. Assim que eu descobrir o que está havendo, lhe seguirei.
Voltarei!
Beijo, daqui do Brasil.

Unknown disse...

Já somos duas a ser péssimas com datas, ou não sei nenhuma ou as que sei acabo por as trocar todas :p

Beijinhos, Hellen ❤
http://instantesimprovaveis.blogspot.pt/

Cris loureiro disse...

Tenho a certeza que o dia mais vulnerável da minha vida foi e será sempre o dia em que nasci, felizmente não me lembro do momento e por isso no meu afectou mas sei, desde que fui mãe pela primeira vez, que esse será o dia mais vulnerável da nossa existência, assim senti as minhas filhas... tão vulneráveis naquele momento...
Beijinhos
*datas são apenas números... não interessam nada 😉

Chic' Ana disse...

Eu com datas também sou como as tuas amigas, decoro tudo e mais alguma coisa, mesmo que não queira, lá aparecem elas a chatear: desde aniversários, a momentos importantes que por vezes nem são meus, sei tudo...
Beijinhos

The Wiggles disse...

Hola Chic, Your more than welcome to take home Emma's new 'Dial E for Emma' on CD,DVD or Digital Download

O meu pensamento viaja disse...

Não assenta bem a ninguém. Tambem guardo umas tantas recordações negras.
Bom fim de semana.
Beijinhos

Miúda disse...

Sou relativamente "boa" com datas :p

Beatriz Sousa disse...

Eu prefiro livros fisicos, mas era para um trabalho em que só preciso de umas páginas xD

Rute Marina de Matos disse...

Já fui bem melhor com datas! As mais antigas ficaram retidas cá dentro. No entanto datas de acontecimentos mais recentes tendem a desvanecer-se da minha memória (a idade não perdoa).
Vulnerabilidades penso que é mesmo o meu lado inseguro.

cocojeans disse...

Tenho uma boa memória no geral, sendo excelente no que respeita a números.
Bom fim de semana!
Coco and Jeans by Marisa x My Instagram x My Bloglovin

Anónimo disse...

Eu sou péssima em guardar datas de acontecimentos :)
Já falei no meu blog, o que é a solidão, quando estamos doentes é mais complicado sim, mas ainda bem que para ti tudo se resolveu em bem.
Beijinhos
Instagram ∫ Facebook

Catarina Sofia disse...

Sou boa com datas, mas por vezes a dos aniversários escapa-me!
As minhas são as mentiras. Detesto.

Lily Oakes disse...

A minha memória já foi melhor, mas tudo depende do que nos marca. A única coisa que realmente mexe comigo é quando invadem a minha bolha...

Os olhares da Gracinha! disse...

Datas? Nomes? ...complicado!
Más recordações?...tento esquecer!

BG disse...

Era ótima com datas... recordava-me de tudo! Até engravidar... Deram-me esperanças que depois de algum tempo do parto a memória voltava, mas com 5 anos passados já se passou a esperança!

As questões de saúde também me deixam muito vulnerável, algumas más experiências vividas... e é um sentimento horrível a vulnerabilidade!


http://beauteetgourmet.blogspot.pt/

The Reader's Tales disse...

Olá Marta, gostei imenso deste
blogpost. Fico a "conhece-la" um pouquinho mais. 
A minha vulnerabilidade é tudo o que toca as pessoas que me são queridas. O Sweatheart foi operado no principio de Outubro e fiquei muito anciosa, apesar de não deixar transparecer. Graças a Deus correu tudo bem, ele vai muito bem. Boa semana para si. :)

Ana Freire disse...

Prova de que a saúde, é mesmo o mais importante que temos, e que jamais teremos... mas temos sempre tendência a esquecer isso, com relativa facilidade, quando nos sentimos bem...
Felizmente que conseguiste ultrapassar tudo isso!
Vulnerabilidades... perder as pessoas que me são queridas...
Datas... Ui! Sou das pessoas mais cabeças no ar, à face da terra...
Beijos
Ana

Avelã disse...

É sempre chato estar nessa posição, ter de pedir e aceitar ajuda, não se mover livremente... A maior parte das pessoas, como tu e também como eu, prezam bastante a sua independência nesse aspeto, e perdê-la custa. Mas às vezes tem de ser e há sinas piores! Ainda bem que já passou :)