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06/12/2019

| Nós, os europeus |


Há uns dias eu e o homem fomos ver o concerto que a banda brasileira O Terno deu em Lisboa (foi lindo, maravilhoso, mas não é sobre isso que quero falar).
No final do concerto acabámos por conhecer umas miúdas brasileiras, na casa dos 25 ou perto, que estão a viver no nosso país.
Falamos de música, da insegurança vivida no país irmão, de trivialidades, de Bolsonaro, de esperança também.
As miúdas estavam a dizer-nos que gostam de cá estar, sentem-se bem recebidas, mas há um mas. Confessou-nos uma delas que é lésbica e que, contrariamente do que sucede no Brasil, em que a homossexualidade é aceite, as pessoas são livres e podem demonstrar publicamente afetos, aqui já não é assim. Sentem-se olhadas de lado e, ainda por cima, quase não há locais gay friendly para mulheres.
Fiquei a pensar naquilo e verdadeiramente triste por elas, porque se há algo que me faz confusão é o facto das pessoas não poderem ser naturais em relação à coisa mais natural do mundo, que é o amor, devido à pequenez ou mesquinhez de mentes algo provincianas (atenção que estamos a falar da capital do país, não uma aldeia transmontana perdida no mapa onde mais facilmente aceitaria este tipo de intolerância). 
E antes que pensem nisso, não, não sou defensora de ver pessoal na rua aos amassos, que quando isso sucede só penso get a room. Mas penso isso independentemente do sexo ou da orientação sexual, já que é uma questão de personalidade e atitude, e não uma característica dos gays.
Não obstante tenha deixado uma mensagem de tolerância e força às meninas, fi-lo com o coração algo apertado já que tenho perfeita consciência de que é muito mais fácil dizer do que fazer. 
E muito depois de nos despedirmos delas, continuo a perguntar-me:
Não somos nós, europeus, cultos e informados? Não passamos a vida a criticar a América por ser uma nação mais básica do que nós?
Pois... parece que não.

3 comentários:

Love Adventure Happiness disse...

Somos, se comparares com África e a maioria dos países Árabes somos super desenvolvidos e abertos.
Por exemplo, faço pole dance por desporto e no início o meu pai não gostava da ideia, mas foi vendo e foi apreciando o desporto como desporto.
Um amigo é Drag e diz que o único sítio onde consegue viver dessa arte, até porque ele segue uma vertente mais hard core, é na Holanda, mais propriamente Amesterdão, onde vivemos.

Graça Pires disse...

Confesso que pensava que já não havia problemas na aceitação da sexualidade de cada um…
Uma boa semana.
Um beijo.

Abanar do Ser disse...

Concordo com a Graça Pires, pensava que já não havia essa discriminação cá em Portugal, até porque em comparação com o Brasil que está a regredir a olhos vistos, somos talvez antiquados mas ainda assim bastante respeitadores... na minha percepção heterossexual mas que tem pessoas bastante próximas homossexuais, mas óbvio que a nossa realidade não é a generalidade.