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03/06/2020

#blackouttuesday


Foi há 9 dias que morreu George Floyd.
Quando começaram a correr mundo as imagens do agente a sufocá-lo, enquanto o mesmo dizia que não conseguia respirar (repetiu-o 11 vezes, correto?), fiquei absolutamente chocada e revoltada. Em consequência, nos dias seguintes fui partilhando algumas mensagens nas stories do Instagram, demonstrativas do meu descontentamento e de total repúdio com aquela morte sem justificação.
Estranhei o facto de tão poucas pessoas (algumas delas com grande poder nas redes sociais, especialmente naquela) me acompanharem nas manifestações de desagrado com o sucedido.
Ontem, o Instagram foi inundado por imagens pretas, como forma de protesto contra o racismo e a violência policial nos EUA, na sequência da morte de George Floyd.
A ideia, que apela à igualdade e ao fim do racismo (de que, de resto, sou fervorosa defensora), é de alguma forma romântica e bonita, com muitas pessoas (algumas delas com grande poder nas redes sociais, especialmente naquela) a unirem-se em nome de uma causa comum.
No entanto, enquanto acompanhava o meu feed negro, não pude deixar de pensar que toda aquela partilha me soou também a falso, a politicamente correto, a deixa-lá-pôr-isto-antes-que-me-critiquem.
Quero deixar claro que sei que há gente que o fez genuinamente (um agradecimento especial a quem se manifestou desde o primeiro momento) e que há quem não o tenha feito apesar de concordar com a reivindicação (eu, por exemplo, decidi não colocar uma imagem preta só porque toda a gente o fez, quando quem me segue já sabia a minha opinião sobre o assunto).  
O que me entristece é que sei que há quem se esteja a marimbar para o assunto, há até quem (pasme-se!) ache que o George se pôs a jeito, mas que ontem andou a partilhar uma imagem preta no Instagram porque parece bem, porque não quer perder seguidores, porque com jeitinho até dá para ganhar mais alguns.
E essa falsidade irrita-me quase tanto quanto o racismo. 
Tenho dito.

4 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Sou totalmente contra o racismo. Amanhã sairá no meu blogue um poema sobre as crianças negras. Condeno toda a violência
Por isso também condeno a destruição e as pilhagens que em nada favorecem os protestos justos da raça negra

Cumprimentos

Tulipa Negra disse...

Vi o vídeo e fiquei ultrajada. É impensável que uma coisa destas acontece e é ainda mais ultrajante saber que este é apenas um caso entre tantos outros...

Solteiro nos trintas disse...

O ser humano não deixa de surpreender. Tantos inimigos temos, dentro de nós, alguns projectam-nos para fora.
Triste e vergonhosa, a falta de valor pela vida humana a que assistimos todos os dias

Graça Pires disse...

O racismo envergonha o ser humano. Quem não se sentiu a sufocar como George Floyd? Gostei do seu texto e assino por baixo.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.