| E levantar o rabo do sofá, não? |

Vocês já sabem que, não sendo uma pessoa especialmente rabina, me irritam comportamentos que tenho dificuldades em aceitar. Como diz uma grande amiga minha, a idade traz-nos paciência mas retira-nos tolerância e, desde há alguns anos para cá, sinto isso de forma crescente e agreste.

Há uns tempos estive algumas vezes, em ambiente social e por razões que não importa agora descodificar, com uma pessoa que tinha a capacidade de me tirar do sério. Uma pessoa muito querida, atenção, simpática e afável q.b., mas que tem um defeito que me irrita tanto que o mesmo acaba por abafar as suas virtudes.

A pessoa em causa é daquele tipo que critica muito os outros mas que não levanta o cu rabo do sofá para fazer o que quer que seja, estão a ver? Porque fulano faz aquilo e aquilo não tem jeito nenhum, porque sicrano é um desajeitado, porque beltrano… já chega, já deu para transmitir a ideia.  

Vamos lá ver, até percebo que nem toda a gente tenha que ser mexida ou que necessite (ou queira) fazer coisas para além do trabalho normal. Dou isso de barato.

Já não consigo aceitar nem, tão pouco, lido bem com quem está sempre a criticar quem, bem ou mal, está a fazer algo. Porque, bem ou mal, levantou o cu rabo do sofá, que é tão quentinho e confortável e está-se lá tão bem. 

Foi por lidar tão mal com este tipo de comportamento que comecei a evitar estar com a pessoa em questão. Porque a conversa ia dar sempre ao mesmo e, nas últimas vezes, já dava por mim a revirar os olhos, sem sequer disfarçar, e havia momentos do discurso em que me tinha de segurar para não começar a espumar, tipo cadelita raivosa. Dei comigo, aliás, a começar a ripostar e, felizmente, consegui calar-me a tempo, porque o meu tom não era bom. Não era, não. 

Já vos disse que a idade nos traz paciência mas retira-nos tolerância? Assim... aos magotes?