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03/07/2020

| Vamos falar sobre depressão? |

Penso não estar a exagerar quando afirmo que a morte de Pedro Lima apanhou praticamente toda a gente de surpresa.
Penso não estar a exagerar quando afirmo que as causas da morte do ator chocaram o país.
Não seguia o trabalho dele mas simpatizava com a figura, parecia-me alguém à maneira, achava-o giro que se farta (quem não?) e acreditava, como continuo a acreditar, que a relação que ele tinha com a ceramista Anna Westerlund era verdadeira e muito bonita.
Sabemos agora que o ator sofria de depressão. E raramente a palavra sofrer foi tão bem empregue. 
Para além de muita empatia e até solidariedade, também se assistiu ao costumeiro preconceito e ao silencioso estigma. 
Então mas um gajo que parece ter a vida perfeita agora suicidou-se? Então mas ele não aparecia sempre nas fotografias a sorrir? Então mas ele era famoso, porque raio havia de deprimir?  
Podia tentar estar aqui a explicar o básico sobre o assunto, mas há quem o saiba fazer bem melhor do que eu. A Su, que além de minha amiga e pessoa que talvez melhor me entenda é também psiquiatra, resumiu o cerne da questão num texto curto e claro que partilhou na sua página de Facebook e que faço questão (com a sua autorização, óbvio) de partilhar:
Já exerci como psiquiatra na região Norte (Porto), na região Centro (Leiria) e agora estou na região Sul (Lisboa). Por defeito profissional, há poucas coisas que me pasmam nesta vida. Uma delas é a percepção das enormes discrepâncias, em termos regionais, no que respeita aos cuidados de Saúde Mental e Serviços de Psiquiatria. É real. E isto influi necessariamente na forma como a população encara estas doenças e os que dela padecem. Mas há uma variável comum de Norte a Sul. O preconceito e o estigma. Como se estes doentes tivessem responsabilidade sobre a sua doença. Como se esta fosse o resultado de caprichos ou infortúnios. Hoje ouvi na rádio que “nem todos tem condições para fazer terapia, mas todos podem falar e ter um ombro amigo”. Caras pessoas, “falar e ter um ombro amigo” é tão útil no tratamento da depressão como o é no tratamento da diabetes. São ambas doenças. Que precisam de cuidados médicos específicos. Que podem matar. Uma por hipoglicemia e a outra por suicídio. Sei que “endocrinologia” poderá ter uma fonética mais interessante, mas é tempo de deixar de demonizar a Psiquiatria e os psiquiatras por arrasto, ok?
Nada a acrescentar.

6 comentários:

Sandra C. disse...

Pois... nem sei o que te diga. No fim-de-semana desse acontecimento tão triste, andei um bocado a "bater" mal. Dava por mim parada, a pensar nem sei o quê, mas os pensamentos iam todos parar ao mesmo lugar, porquê?
Já perdi um amigo também um actor conhecido da mesma forma e ainda hoje me choca essa situação, muitos outros casos conheço iguais.
Acho que se deve estar num desespero absoluto para fazer tal coisa... assusta-me pensar que pode acontecer algo do género a alguém próximo de mim! Deixa-me mesmo aterrorizada...
Os sorriso por vezes escondem tanto sofrimento...

Beijos e abraços.
Sandra C.
bluestrass.blogspot.com

DeepGirl disse...

Cada vez mais este sociedade se torna maos individualista, mais exigente, menos empática.

Ter um amigo ou amiga que nos compreenda tornou-se uma dádiva. E poucos têm essa sorte. Infelizmente.

O suicídio está em crescimento, a maldade está em crescimento. Socorro... Que Mundo é este ?!

Coisas de Feltro disse...

Nos dias de hoje não há desculpa para a ignorância mas as pessoas parecem desconhecer que na depressão existem realmente défices no organismo. A falta de serotonina,(e é só uma das subtâncias) é real e pode transformar um indivíduo, por isso tem que existir uma intervenção clínica especializada. Um amigo pode até servir para convencer alguém a ir ao médico mas que não se convença que a cura está nas palavras, quem nos dera...

Beijinhos

" R y k @ r d o " disse...

Nem sempre um sorriso mostra o quanto o corpo sofre.
.
Tenha um dia de Paz e Amor

Love Adventure Happiness disse...

A verdade é que os diabéticos são isentos e quem sofre depressão não é, não há vagas para psicoterapia no público, as comparticipações que há ainda assim são baixas porque se recebes o ordenado mínimo e tens filhos como tens 30€ para dar por consulta? Que serão várias no decorrer de uns meses... Deveria haver uma desmistificação acompanhada de maiores apoios do estado!

Graça Pires disse...

A depressão é deveras uma doença terrível que leva ao suicídio. É bom estarmos atentos às pessoas com quem lidamos porque às vezes os sintomas não são para fazermos de conta que não existem... Quanto ao Pedro Lima, tive imensa pena e nunca me passou pela cabeça que ele andasse deprimido.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.