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24/12/2018

| Uma crónica de Natal |


Não sou daquelas pessoas que está sempre a dizer ou a pensar no meu tempo é que era (gosto de acreditar que sou suficientemente jovem de cabeça para não entrar nesse tipo de extremismos, que isso não faz bem nenhum).
Sei, no entanto, reconhecer que as coisas mudaram, algumas para melhor, outras para pior, é essa a lógica da vida e o reflexo da evolução dos tempos.
Uma das coisas que mudou para melhor foram, por exemplo, as condições de vida. É notória a diferença entre as que temos e as que tiveram os nossos pais, é ainda mais notória a diferença entre as que os nossos filhos têm comparativamente às que tivemos (estou a falar metaforicamente, claro, já que não sou mãe).
Se, por um lado, fico mesmo feliz pelos nossos filhos terem tudo o que precisam, materialmente falando, por outro faz-me confusão que o tenham. E isso por uma série de razões, mas principalmente pelo facto de darem tudo por adquirido.
A perceção que tenho é que, nos dias de hoje, mais do que desejar os miúdos mandam e acabam por conseguir praticamente tudo o que querem. 
Se isso é mau?
Não obrigatoriamente, não fosse o facto de não terem de se esforçar para alcançarem o que pretendem nem valorizarem minimamente o esforço dos pais ou, pior, nem sequer terem noção de que os pais têm de fazer esforços.
Por outro lado, penso que esta cultura facilitadora faz com que gozem muito pouco o que têm porque, lá está, muito em breve terão outra coisa qualquer substituta da anterior. E isto tem reflexos maiores do que se imagina à primeira vista. 
Já repararam que não só os bens mas também as relações são cada vez mais fácil e rapidamente descartáveis e descartadas?  
Não sou socióloga mais ia jurar que é possível estabelecer uma qualquer associação, e tendo a pensar que muito deste imbróglio é culpa nossa. Porque amamos tanto os nossos filhos que fazemos tudo por eles, e isso passa por lhes dar do bom e do melhor (estou a falar metaforicamente, claro, já que não sou mãe).
Se faço ideia de como é possível responder ou resolver esta questão? No way, e é quando me confronto com estas dúvidas que me apercebo da sorte que tenho em não ter de passar por estes dilemas existenciais. Porque se fosse mãe não conseguiria ter o distanciamento necessário para analisar com frieza o assunto e, é possível, não conseguiria evitar dar-lhes tudo o que pudesse, se tivesse condições para tal. 
De qualquer forma não me parece que estejamos a ir pelo caminho certo.
Por isso, como o Natal não existe apenas para enfardarmos e consumirmos, entendo ser esta uma altura perfeita para nos debruçarmos sobre o assunto, fazer assim uma espécie de reflexão. 
Pensem nisso.   

Ah, com esta conversa toda quase me esquecia: um excelente Natal para todos, cheio de coisas boas (imateriais, claro, que para as materiais já nos bastam as das crianças). 

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