Estamos a pouco menos de um mês da cerimónia dos Oscars e ainda só vi três dos nove filmes candidatos à estatueta mais importante, pelo que se prevê um período cinematográfico intenso. Obaaaa!
Sem mais demoras, vamos a isto:
Call me by your name é uma história sobre a descoberta da sexualidade e sobre um amor gay, passada em 1983, em Itália.
O momento alto do filme - lento e simples, a acompanhar a realidade como ela é - é o discurso do pai de Elio, o jovem de 17 anos que se apaixona por um homem uns anos mais velho, discurso esse que nos faz sentir que gostaríamos de ter um pai assim, livre e emancipado, que dá mais valor ao ser do que ao parecer (e naquela altura as relações gay não pareciam nada bem).
Se pretendem ver o filme não leiam os parágrafos seguintes, pois é a transcrição do já famoso monólogo. Caso contrário, a leitura é obrigatória:
'When you least expect it, Nature has cunning ways of finding our weakest spot. Just remember: I am here. Right now you may not want to feel anything. Perhaps you never wished to feel anything. And perhaps it’s not to me that you’ll want to speak about these things. But feel something you obviously did.
You had a beautiful friendship. Maybe more than a friendship. And I envy you. In my place, most parents would hope the whole thing goes away, to pray that their sons land on their feet. But I am not such a parent. In your place, if there is pain, nurse it. And if there is a flame, don’t snuff it out. Don’t be brutal with it. We rip out so much of ourselves to be cured of things faster, that we go bankrupt by the age of thirty and have less to offer each time we start with someone new. But to make yourself feel nothing so as not to feel anything ― what a waste!
Then let me say one more thing. It will clear the air. I may have come close, but I never had what you had. Something always held me back or stood in the way. How you live your life is your business. But remember, our hearts and our bodies are given to us only once. Most of us can’t help but live as though we’ve got two lives to live, one is the mockup, the other the finished version, and then there are all those versions in between. But there’s only one, and before you know it, your heart is worn out, and, as for your body, there comes a point when no one looks at it, much less wants to come near it. Right now there’s sorrow. I don’t envy the pain. But I envy you the pain.'
Embora tenha gostado muito, não me parece que ganhe o Oscar de melhor filme nem que Timothée Chalamet - que interpreta Elio - leve para casa o boneco dourado para melhor ator. Não posso terminar, no entanto, sem chamar a atenção para a banda sonora, muito bonita.
The Post gravita à volta da posição assumida por Katharine Graham, proprietária do jornal The Washington Post - interpretada por Meryl Streep -, quando o Governo de Nixon tentou impedir o jornal de publicar documentação ultra-secreta sobre o envolvimento norte-americano na Guerra do Vietname.
Acho que não ganha o Oscar de melhor filme porque, embora seja bom, não é espetacular, e a história que lhe está na base é quase autossuficiente.
A grande mais-valia deste filme é a própria Katharine, uma mulher inteligente e muitíssimo corajosa que se vê grega para fazer valer as suas convicções num mundo dominado por homens.
A Merylzita, as always, não desilude, mas este não é o papel da sua vida (assim de repente lembro-me dela em August: Osage County e aí sim, a mulher parecia um monstro, no bom sentido), pelo que, desconfio, não é desta que leva o quarto Oscar para casa.
Acho incrível que este Three Billboards Outside Ebbing, Missouri seja classificado como uma comédia negra. Não consigo concordar, acho sim que é um drama com momentos de humor (negro também) que nos desarmam completamente e fazem desanuviar da crueza constante e deliciosa.
Passados sete meses desde o assassinato da filha adolescente de Mildred Hayes, esta, inconformada com a apatia das autoridades locais, decide colocar três cartazes à entrada de Ebbing que questionam a competência do chefe da polícia. Numa cidade em que quase ninguém bate bem, esta atitude vai desencadear uma série de consequências imprevisíveis e algo violentas.
Por agora este é o meu preferido para ganhar o Oscar de melhor filme e acho que o de melhor atriz ficaria muito bem entregue à maravilhosa Frances McDormand, de que sou grande fã desde os longínquos tempos de Fargo. Só não sei se isso vai acontecer por causa da prestação de Margot Robbie, em I, Tonya, que tem sido muito falada mas que ainda não vi.
A ver vamos.
A ver vamos.
19 comentários:
O último já vi e já falei dele no meu blogue, os outros dois mal posso esperar por ter um tempinho para os ver. Beijinhos*
O filme do Guadagnino é de uma Perfeição intimista epopeica. E não tem um momento alto... Tem vários! :)
Boa tarde. Passando, lendo e elogiando tão maravilhosos e belos temas - e imagem - que aqui é apresentados.
* Vivências de Amor - Volúpia Incerta *
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Desejos de um dia feliz
Tenho na calha um bom número de filmes nomeados para ver, a ver se consigo ver este fim-de-semana :)
MRS. MARGOT
Também ando na "corrida" aos filmes dos óscares :)
Da tua lista, só vi o "3 cartazes" e gostei muito. Assuntos sérios tratados sem lamechices e de uma forma muito crua e dura e os actores são incríveis.
E estou com muita curiosidade em ver o "Call me by your name" :)
E eu ainda não vi nenhum deles!!!
bj
Também já vi três dos candidatos, mas dos que referes só vi The Post e concordo contigo. Achei até o filme um pouco chato.
Ainda não vi os filmes.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Ainda não assisti a esses filmes, mas parecem ótimos!
Beijo!
Cores do Vício
Dos três ainda só vi o "Call me by your name" porque será? E adorei!
Quanto aos outros dois não vi!
Vamos ver para quem irá o óscar de melhor filme?!
Beijinho.
Dos nomeados ainda só vi "Call me by your name" e gostei :)
Tenho mesmo de ver os outros :)
Vi o "Call me by my Name", o Dunkirk e "Três Cartazes à beira da estrada" e embora tenha gostado dos 3 o último foi o meu preferido.
Marcante mesmo!
Quero muito ver o Call Me By Your Name :)
Ainda não vi nenhum dos candidatos os óscares, mas queria muito vê-los a todos! Para quem tem pouco tempo por qual aconselhas começar?
R. Já vi que estou perante uma fã de Saramago! Ainda bem! Infelizmente não conheço muitas pessoas como eu, que gostam dele. Muitas pessoas não conseguem, simplesmente, ler os livros. A Morte de Ricardo Reis foi o primeiro livro que li dele e comecei o livro no 12º ano, quando estávamos a dar Fernando Pessoa e os seus heterónimos (nomeadamente Ricardo Reis). Adorei! Acho que o timing não podia ter sido o melhor! Depois passei para o Memorial do Convento, porque, pronto, tinha de ser x) Também amei! Infelizmente, parei. Nunca mais li Saramago. Tentei começar o Envagelho Segundo Jesus Cristo mas não correu bem, na altura era muito nova. Tenho de voltar a dar uma oportunidade ao livro. Tenho agora o Carabóia à minha espera !
O Ensaio sobre a Cegueira cometi o erro de ver o filme e eu odeio ler o livro depois de ver o filme. Sinto que me restringe a imaginação, por isso, estou a deixar passar algum tempo até que me esqueça dos pormenores para o ler !
The post parece-me o melhor :p
Três óptimas sugestões! Tenho andado um pouco arredada das salas de cinema... mas adoraria ir ver a Merylzita... um filme bem a propósito, dadas as controvérsias com a imprensa que têm surgido semanalmente, neste mandato do Popas cor de laranja...
Beijinhos
Ana
É verdade, os Oscares estão mesmo quase aí. Estou desejando de ver os vestidos da passadeira vermelha porque os filmes, confesso, não vi nenhum ainda. Estou mesmo desligada!
Beijinhos
http://aestilografa.blogspot.pt/
Não vi nenhum desses, mas vi o I, Tonya e gostei imenso. Embora também não ache nada de fabuloso.
O Call me by your Name foi para mim o filme do ano. A banda sonora comprei-a mal sai da sala de Cinema ;)
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