Desde sempre tive aversão à palavra camilha: soa-me esquisita, parece que o éle está a mais, não sei, faz-me confusão.
Há uns tempos reparei que também não vou à bola com a palavra pilhar, padece do mesmo mal.
Isso levou-me a perceber que tenho um problema com palavras que contenham ilha, e não me parece que essa aversão resulte do facto de, durante 8 anos, ter vivido numa (ao menos espero que não).
Vai daí decidi fazer um exercício: descobrir palavras com ilha que me irritem.
Depois de um longo e rigoroso processo de seleção (sim, que uma pessoa não pode decidir de rompante do que é que gosta ou não, não vai dar bom resultado) cheguei às seguintes conclusões:
a) Não gosto das palavras camilha, conquilha, pilhar, almofadilha, bilha, estampilhar, vasilha, afilhado, Gulpilhares, palmilhar, braguilha, rendilhar;
b) Não me aquecem nem arrefecem as palavras gargantilha, maltrapilha, brilhante, baunilha, filha, maravilha, compartilhar, sapatilha, bilhar, cigarrilha, polvilhar, ervilha, ilha, humilhar, guerrilha, virilha.
Porque devemos abraçar o que é estranho (perceberam a ideia, certo? não se ponham p’raí a abraçar estranhos na rua), decidi colocar de lado esta pequena irritação e criar uma miscelânea de ilhas, dando igualdade de oportunidades às palavras que me provocam tiques nervosos.
O resultado possível foi este:
Estava encostada à almofadilha a saborear uma cigarrilha, logo após ter terminado o gelado de baunilha, quando chega a minha mãe a usar a minha (dela) gargantilha preferida.
Apontando para a dita, perguntei: não queres compartilhar?
Hum, filha, não quererás antes dizer pilhar?
Não precisas humilhar, respondi com um ar exagerado de carneira mal morta.
Oh, levanta mas é daí a bilha e vem ajudar-me a acabar de rendilhar. Só me falta este bocadinho para a camilha ficar pronta.
Ó mãe, isso já não se usa. E além disso dói-me a virilha, tenho de ficar quietinha, não me apetece piorar.
Pois… E pode saber-se como é que isso aconteceu?
A dor na virilha? Foi um mau jeito que dei a jogar bilhar.
É bem feito. Se tivesses ido antes polvilhar a tarte de ervilha, como te pedi, já não te doía a conquilha.
Ao meu revirar de olhos ela respondeu com um levanta-te e, já agora, aperta a braguilha, sua maltrapilha.
Levantei-me a custo e apertei o atacador da sapatilha.
Vai lá dentro e traz a vasilha que está na minha cómoda, ordenou-me pediu-me.
Fónix, podes deixar de falar como no século passado? Mais uma dessas e entramos em guerrilha.
Aaaiii, se sabia o que sei hoje tinha-te abandonado à nascença numa ilha.
Mãããeee, só te falta dizer que tens vontade de me estampilhar. Sei que tens, se pudesses até me deixavas com a fuça ultra-mega-brilhante.
Deixa-te de tretas que hoje ainda tenho muito que palmilhar.
Porquê?
Combinei com a tia ir levar o teu afilhado à festa de anos de uma amiguinha, que vive em Gulpilhares.
Ui, isso vai demorar. Isso significa que vais deixar-me em paz, no mínimo, por umas 2 horitas. Uhuhuhuh, ma-ra-vi-lhaaaa.
Gostaram?
Espero que sim, que este blog não é só fotos bonitas e trapinhos e crónicas boas e viagens e coisas, também têm de levar com a minha parvoíce no seu estado mais puro.
Porque esta cabeça está sempre a fervilhar.
5 comentários:
Lol... O que já me ri! também fazia destes textos doidos quando era mais miúda 😁!
Beijinhos
Sandra C.
Bluestrass.blogspot.com
Muito bom :)
Ahahah gostei desta tua faceta!! Realmente também não vou muito com a palavra pilhar :)
http://cidadadomundodesconhecido.blogspot.pt
Excelente. Adorei ler, kkkkk :))
Do nosso amigo, Gil António:- Hoje » SOLTO SENTIMENTO
Bjos
Votos de um bom fim de tarde.
Grande trocadilha que para aqui vai
Gostei de ler
Bjs
Kique
Hoje em Caminhos Percorridos - O Pedro foi traído
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