| Uma mulher polivalente também escreve sobre futebol |

Imagem: caras.pt

Ontem os jornais encheram-se de notícias e de fotografias do pontapé de bicicleta do Rónaldo, um golaço de outro mundo lindo de morrer, até para mim, que não ligo nenhuma a futebol (tirando a Seleção, que faço por ir acompanhando quando dá, sem grandes pressões).

Mesmo não sendo seguidora da modalidade tenho olhinhos na cara e, enquanto ex-praticante de ballet clássico, aquele golo soube-me a uma pirueta tripla perfeita.

Fiquei embasbacada com o nosso madeirense e reconheço-lhe, uma vez mais, a força e a determinação fora do comum que fizeram com que aquele momento fosse possível. E pus-me a pensar que não percebo porque é que existem tantos portugueses que não vão à bola com ele. Vejamos: 
O homem é um jogador fenomenal, que construiu a sua carreira e vida a pulso, talvez o mais conhecido dos portugueses e, seguramente, o que levou o nome de Portugal aos cantos mais recônditos do planeta. Anda sempre com a família atrelada e parece-me, no essencial, alguém com valores morais elevados.
Então o que é que há para não gostar? 
Numa primeira análise imagino que possa ser devido ao bota-abaixismo, essa característica tão nossa. Faz-me lembrar quando, no ano passado, antes do Festival Eurovisão da Canção, o mundo inteiro estava mais do que rendido à Amar pelos Dois e os tugas diziam que aquilo era uma merda e o Salvador um inadaptado e patati, patata, como se isso tivesse valor algum.
Indo, no entanto, um pouco mais além, atrevo-me a dizer que o grande problema de quem não gosta do Rónaldo é padecer do pecado capital nacional chamado inveja. E isso é muito triste.
Gostos à parte, a verdade é que ontem me emocionei e me enchi de orgulho quando, logo após o super-golo do Super-Rónaldo, todo o estádio o aplaudiu. Sobretudo porque, pese embora toda a minha ignorância na matéria, para mim isto é que é futebol.